Depois de um curso intensivo in loco com o Messias, os discípulos tinha conhecimento, experiência e diretrizes claras para o estabelecimento do Reino de Deus.  Não é exagero dizer que eles tiveram o que homem nenhum teve na história da humanidade. Porém, a sua missão não se iniciaria antes de receberem uma capacitação especial, um revestimento de poder, o que é chamado de batismo no Espírito Santo.

 Existem muitos textos que determinam esse fluxo de pensamento (Mateus 3.11; Lucas 24.49; Atos 1.5, 8), e sua ênfase recai na palavra baptizo (βαπτιζω), derivada de bapto (βαπτω) que significa imergir, mergulhar. O exemplo mais claro que mostra o sentido de baptizo é um texto do poeta e médico grego Nicander, que viveu aproximadamente em 200 a.C. Ele escreveu uma receita para fazer picles e ela é de grande ajuda porque nela o autor usa as duas palavras. Nicander diz que para preparar picles, o vegetal deveria ser primeiro mergulhado (bapto) em agua fervente e então batizado (baptizo) na solucao de vinagre. Ambos os verbos descrevem a imersão dos vegetais em uma solução, mas o primeiro descreve uma ação temporária o segundo o ato de batizar o vegetal produz uma mudança permanente quando usada no Novo Testamento. Essa mudança permanente, que o batismo no Espírito Santo produz, tem um objetivo exclusivo: o testemunho eficaz. 

 Antes de receberem a virtude dos céus, os discípulos, mesmo com todo treinamento, diante da prisão de Cristo e da possibilidade de serem presos e mortos (veja o teor das palavras de Jesus: "Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardarem a minha palavra, também guardarão a vossa". João 15.20). Tanto que a maioria fugiu e viviam escondidos no cenáculo, de portas trancadas, amedrontados (João 20.19).

Mas após o derramamento do Espírito, o empoderamento para a missão veio, e nada, absolutamente nada podia parar estes homens, com seu testemunho inspirado e ousado, seja diante da multidão no Pentecostes, seja diante das autoridades, sob ameaça de morte. Ainda estremeço com esta linda passagem, após a cura do paralítico da Porta Formosa:

"E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus. Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; POR QUE NÃO PODEMOS DEIXAR DE FALAR DO QUE TEMOS VISTO E OUVIDO. Mas eles ainda os ameaçaram mais e, não achando motivo para os castigar, deixaram-nos ir por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera." Atos 4.28-21

 

Concordo com James Shelton quando ele escreve: "depois de notar que a ação hostil das autoridades foi predita nas Escrituras (Atos 4.24-28), os discípulos oraram para que, apesar dessa ameaça, eles falassem a palavra de Deus 'com toda a ousadia', enquanto o Senhor atestava a validade de sua fala através de sinais e maravilhas. Como resultado dessa oração, todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia (testemunhavam com poder) a palavra de Deus (Atos 4.31).  Aqui, novamente, a plenitude com o Espírito enfatiza o falar, enquanto sinais e maravilhas validam as palavras ditas pelos discípulos de Jesus."

Concluindo, se você foi batizado no Espírito Santo, assim como os discípulos em Atos 2, o ato de falar do amor de Jesus e testemunhar a sua experiência de salvação é o resultado primaz deste poder. Poder para abrir a boca com ousadia e declarar as verdades do Evangelho a toda criatura, cumprindo o ide do Mestre. O batismo no Espírito Santo outorga poder para o crente testemunhar de Cristo e produz nos perdidos a convicção do pecado, da justiça e do juízo (João 16.8). Os efeitos desta convicção se tornarão evidentes naqueles que proclamam com sinceridade a mensagem da Palavra e naqueles que a recebem.